quarta-feira, 12 de março de 2008

Implementando Linux no ensino superior

Implementando Linux no ensino superiorNeste artigo eu gostaria de mostrar uma série de pontos que leva as faculdades Brasileiras a não adotarem Linux como algo comum no ensino superior e mostrar os passos que eu acredito serem os adequados para fazer uma implementação de Linux em uma faculdade com base na minha experiência no meio acadêmico.

Com este artigo, eu gostaria de atingir a comunidade acadêmica como um todo: Coordenadores, professores e alunos. É importante salientar que se professores e coordenadores não demonstram vontade de utilizarem Linux, os alunos tem que desempenhar seu papel e fazer pressão por isso.

Vamos iniciar pelos motivos que levam que a maioria das faculdades do Brasil utilizem somente Windows no ensino superior (o que é um fato). Dentre uma série de motivos que levam a isso, podemos destacar:

  • Falta de preparo do professor: O professor não conhece Linux ou conhece pouco e não se sente seguro em ensinar utilizando Linux.

  • Falta de vontade da faculdade em implementar Linux no seu laboratório: a faculdade ainda não acordou para os benefícios de se utilizar Linux. Isto deve ser encarado pela faculdade como um diferencial para seus alunos: "Aqui ensinamos com Linux". E não como uma barreira. Também temos a questão de padrões abertos, mas infelizmente parece que esse pessoal ainda nem sabe o que é ODF e o quanto em dinheiro a implementação de ODF faria a faculdade economizar.

  • Falta de preparo do Administrador de rede: O administrador do Laboratório não conhece Linux ou conhece pouco. Dessa forma, os laboratórios da faculdades não tem um mínimo padrão em suas máquinas Linux, as mesmas não conseguem acessar os diretórios pessoais dos alunos e nem acessar a internet. Um fator "desanimador" para alunos utilizarem Linux, é que eles não conseguem sequer salvar seu trabalho desenvolvido em sua área pessoal! Eu mesmo quando estava na faculdade a uns bons anos atráz, tinha que acessar minha área dando inúmeros comandos. Isso por que eu era um usuário avançado, mas a maioria dos alunos não tem tal conhecimento, portanto, não usarão Linux se o ambiente não for bem configurado.

  • Comodismo: Professores, diretores, administradores e alunos, precisam conhecer outro sistema operacional e quebrar paradigmas. Independente se os indivíduos irão focar em tecnologias Microsoft como .Net, o conhecimento em Linux vai proporcionar ao aluno, facilidade de trabalho em ambientes corporativos em servidores Unix, AIX, Mainframe, etc. E isso é um diferencial que a faculdade deve oferecer aos alunos (dentre inúmeros).


Levantados alguns motivos, dos quais eu conseguiria falar muito, o que tornaria o artigo gigante e ninguem iria ler... vou mostrar agora como implementar Linux na faculdade em uma série de passos.


1- O Primeiro Passo é arrumar a casa e levantar os requisitos para a implementaçao do Linux. Neste momento, a faculdade DEVE preparar o administrador do laboratório e fazer com que o mesmo tenha um conhecimento decente para implementar um ambiente homogêneo, existem N empresas que dão treinamento em Linux, procure por algo. Para faculdades, é fácil encontrar até parcerias e conseguir um treinamento grátis! O Administrador, tambem deve verificar a capacidade das máquinas também. Dois erros muito comuns nesse momento são:

a) O administrador acredita que o Linux vai fazer mágica e vai rodar muito bem naquele velho Semprom com 256 megas de memória! Acorde! A interface gráfica do Linux (por exemplo do Ubuntu 7.10) é tão ou mais bonita que a do Windows Vista, portanto, é pesada! Cuidado com isso. Instale uma distribuição que rode BEM nos equipamentos dos laboratórios.

b) O administrador fornece a senha de root para todo mundo. Muito errado tambem! Root é somente quem vai administrar a máquina. Um elemento sem conhecimento de Linux pode facilmente "estragar" muita coisa com uma senha de root, bagunçar o FileSystem, etc...

O Administrador deve pesquisar qual a melhor forma de fazer o Linux conversar na rede que o mesmo possui. Normalmente as faculdades tem um servidor Linux rodando Samba como servidor de rede, então, pesquise LDAP, NIS, NFS, etc.. e veja qual a melhor solução para sua rede.

Lembre-se tambem de configurar o acesso a Internet. Se não tiver um proxy transparente, lembre-se de setar as configurações nos navegadores das máquinas, porém, sugiro pesquisar como implementar algo transparente.
Por fim, teste o ambiente. Não libere um laboratório sem ter testado EXAUSTIVAMENTE!

2- O segundo passo é dado somente a partir do momento no qual se tem um ambiente realmente produtivo em Linux, muito bem testado. Se o aluno/professor se deparar com um Linux mal configurado, lento, que não acessa a rede, etc, vai ficar traumatizado! A primeira impressão é a que fica. Para apresentar o linux posteriormente a essas pessoas para tentar mudar essa impressão, vai ser muito mais complicado!

Enfim, com o ambiente ok, desperte o interesse das pessoas! Apresente o Linux para os professores/alunos, mostre os benefícios de se trabalhar com software livre. É muito importante neste ponto, ter uma lista de compatibilidade e mostrar o que é possível e o que não é possível no Linux, por exemplo, Photoshop não existe em Linux, temos o Gimp. Explicar o que é ODF também é importante.

O fato principal neste ponto, é mostrar que não se está implementando Linux devido ao fato do mesmo ser gratuito ou por se tratar de ideologia. Os motivos tem que ser transparentes e claros.

Realize um estudo sobre tendências corporativas, padrões abertos, etc. Busque parceria com empresas, a IBM mesmo consegue dispor palestrantes sobre Linux que facilmente vão expor N motivos para se utilizar Linux.

3- Executando o passo um e dois de maneira adequada, as pessoas estarão abertas para conhecer o Linux e utilizar no dia a dia. O próximo passo então, é despertar a paixão por Linux e padrões abertos. Montar grupos de estudos, um grupo de usuários, algo que incentive a colaboração. Incentivar os próprios alunos a montarem cursos é muito importante tambem. Criar um Install Fest (evento no qual se instala Linux nas máquinas das pessoas) é algo que tráz publicidade para sua faculdade!

O passo 3 é um passo sem volta. Uma vez criada uma comunidade decente, a própria comunidade vai se auto-alimentar e vai propagar o conhecimento, a última questão agora então é dar a devida liberdade para a comunidade.

Finalmente, gostaria de salientar minha opinião, que esta implementação não é algo que pretende abolir máquinas Windows do meio acadêmico. MUITO PELO contrário. Eu acredito que um aluno DEVE ter contato com os dois sistemas (ou 3, 4, 5... MAC OS, FreBSD, Solaris, etc...) para que ele mesmo possa decidir qual o sistema que vai lhe trazer mais benefícios. No artigo estou falando de Implementação e não Migração.

Antes que perguntem também em que mundo vivo, eu sei de muitas faculdades que usam, apoiam e até desenvolvem Linux. Meu ponto aqui é implementar onde não se está implementado! Dar um apoio para quem precisa. :-)

Quando falo em Linux no artigo, não me refiro a distribuição alguma pois acredito que isto deve ser uma escolha de cada faculdade, em encontrar a distribuição que melhor lhe serve. Se quiserem saber minha opinião, eu honestamente sugiro que implementem Ubuntu no meio acadêmico pela sua facilidade de uso e pela facilidade com a qual o aluno vai colocar o liveCD em seu micro pessoal e utilizar em casa.

Por favor, estou aberto a sugestões, críticas, fiquem a vontade para postar comentários. Quem quiser uma ajuda em migrações/implementações por ai, pode contar comigo!

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